Vai um sushi aí?

Capa do livro. Até deu vontade de comer sushi mesmo

Nessas férias resolvi ler “Sushi” de Marian Keyes porque já tinha lido “Melancia”e me encantado com o estilo folhetinesco/diário pessoal da autora.

O livro retrata a história de três mulheres: Lisa, Ashiling e Clodagh cujas vidas se cruzam seja no pessoal ou na profissão. Cada vez que Marian vai contar um episódio de uma das personagens, lemos em primeira pessoa de modo que aprendemos como cada uma pensa e reage diante das situações nada normais que acontecem com elas.

Os capítulos são curtos e, por isso, dá para ler vários em uma viagem de metrô, ainda mais que as letras grandes e o espaçamento auxiliam no conforto dos olhos no “mexe-e-mexe” do trem.

Mas voltando à história. Lisa é uma diretora de revista feminina muito bem sucedida na carreira, mas em abismo em seu casamento. Ela é transferida para Dublin a contragosto onde conhece Ashiling, seu braço direito na redação de uma revista chamada Garota, que elas devem criar do nada. Lisa é egoísta, linda e fútil. Só se preocupa em se manter impecável e fazer com que todos os homens a desejem.

Ashiling é a garota sem sal e sem açúcar que tem trauma da vida por causa da depressão de sua mãe. É supersticiosa e vive carregando um kit de primeiros socorros em sua bolsa e, por isso, foi rotulada como “Senhorita-Quebra-Galho”, pelo seu chefe Jack Devine (apelidado de Divino por sua amiga Joy).  Ela tem zero experiência como redatora-chefe, mas no desenrolar da história podemos observar seu crescimento na revista.

Clodagh é a mulher mais linda do mundo, casada com o homem perfeito e com dois filhos tão mimados que dá vontade de invadir as páginas do livro e dar uma bela de uma surra nos pais para ver se eles se mexem (não me odeiem por isso, as crianças são MUITO pentelhas e os pais, passivos). Ela é a dona-de-casa que foge do relacionamento íntimo com seu marido e ocupa o seu tempo reformando a casa. Ou seja, uma pessoa bem frustrada.

Pois bem, essas são as personagens principais. A autora vai dividindo as páginas com o íntimo de cada uma e uma coisa muito legal do livro é que muitas vezes ela apresenta a mesma situação, contada pelo ponto de vista das três personagens, uma seguida da outra. O mais incrível, é que dá para entender bem, sem nenhuma confusão.

Assim como no romance “Melancia”, o nome “Sushi” é pouco explicativo. A referência só aparece ao final do livro quando eles falam em comer a comida japonesa. Parece tosco, mas é o sushi que une e separa alguns personagens na trama.

O que me incomodou de verdade foi a quantidade de cenas de sexo presentes no livro. A cada cinco capítulos, lá aparecia. Me incomodou porque nessas horas senti que a autora trata as mulheres independentes com uma mentalidade masculina: “ser independente financeiramente, bem sucedida, significa ter relações com qualquer homem que fique aceso ao te ver”. Essa mensagem quase me fez deixar o livro de lado, mas fui até o fim para ver se a obra se salvava. Nada contra as mulheres escolherem seus parceiros, mas não precisa viver atrás disso só porque você é independente.

O fim da história meio que reforça que a mulher precisa de um homem, mas que pode manter a sua carreira  e vida particular. Interessante porque muitas ainda vivem o conflito entre ser esposa, mãe e ter sua carreira. Eu só acho que nem tudo se resume a sexo e que as mulheres podem sim ser independentes sem serem igualzinhas aos homens.

O livro vale como uma distração e para rir das boas sacadas da autora, ainda mais quando Ashiling entra-e-sai da depressão, sem contar o humor irreverente dos personagens secundários.

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6 thoughts on “Vai um sushi aí?

  1. Ana Luisa diz:

    Eu já li melancia, dei muita risada. É uma simplicidade deliciosa.
    num quis continuar lendo seu post, pq fiquei com medo de me contar algo, pq pela introdução me deu vontade de ler.

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